VIDEO LUCEM



VIDEO LUCEM 

Cine-Concertos Para descobrir o Algarve
DEZ 2018 / MAI 2019



Na sua 3ª edição, o VIDEO LUCEM propõe revelar um conjunto de filmes muito especial: filmes parcialmente perdidos ou inacabados. São obras de arte por direito próprio, que a História ou a inclemência dos dias votou à invisibilidade e ao esquecimento.

O VIDEO LUCEM sugere que se veja nestes filmes a potência, enorme e criativa do que ficou por dizer, por musicar, por realizar.

Daí, lançou-se aos músicos, atores, e outros artistas, o desafio de preencher essas lacunas. O ponto de partida é o guião ou a ideia original de cada filme, assim como as narrativas sobre o que terá levado à sua condição de objetos interrompidos.

Ao espectador, o que se pede é que sonhe, que imagine aquilo que não se vê, aquilo que não se dá imediatamente a ouvir ou o que ficou por acabar. Dessa maneira, passará a ser parte desse filme, nesse irrepetível momento em que estes filmes voltam a ganhar vida e são, uma vez mais, em novos contextos artísticos e de exibição, motor de criação.

A par destas verdadeiras pérolas em contínua (re)construção, escolheram-se outros filmes, em forma “terminada”, que poderão ajudar a enquadrar o sentido do projeto dos “inacabados”. Todos contam histórias de ficção ou documentais de vários lugares do mundo, alguns relacionados diretamente com o Algarve, falam sobre a força do trabalho, fatalidades individuais, os sonhos das gentes, poesia, contrabando e – porque é o que faz andar o mundo – histórias de amor. Em volta do processo de criação ou da história de vida destas obras de arte cinematográfica há histórias reais tão ou mais intensas do que as que se contam documental ou ficcionalmente.

A proposta do VIDEO LUCEM 2018, portanto, é uma aventura pelos filmes em vários momentos da sua construção, pela música, pelo texto – e pelo Algarve. Nesta edição, o VIDEO LUCEM associa-se à Eating Algarve Food Tours, desenhando percursos que serão disponibilizados em cada um dos territórios, num convite para que cada espectador se faça à estrada num verdadeiro road movie.

O Museu Zero, espaço dedicado à Arte Digital que será inaugurado em 2019, em Stª Catarina Fonte do Bispo, fará as honras de cada uma das sessões com pequenas introduções à arte digital.

O VIDEO LUCEM estará em Olhão, Estoi, Tavira, Alcoutim, S. Brás de Alportel e Portimão, e convocou para esta edição: 
Júlio Resende * Ana Brandão * Orson Welles * Rita Maria * George Cukor * Bruno Pernadas * Cristina Branco * João Perry * Marylin Monroe* Isabel de Castro * Flávia Gusmão * Leitão de Barros * Sérgio Nascimento * Barbara Virgínia * Amélia Borges Rodrigues * Filipe Raposo * Francisca Cortesão * Carlos Porfírio * Virgílio Teixeira * Salvador Sobral * Maria Eduarda Gonzalo * Henri George-Clouzot * Romy Schneider * António Silva * Roberto Nobre * Ricardo Ribeiro * João Paulo Esteves da Silva * Frank Borzage * Tony Curtis * Repórter X , entre outros.

Um evento do Cineclube de Faro, no âmbito 365 Algarve, com a colaboração da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, Eating Algarve Food Tours e Museu Zero.


PROGRAMA



15 Dezembro – 21h30 – OLHÃO
Antigo Armazém da Conserveira do Sul


O HOMEM DOS OLHOS TORTOS de Leitão de Barros e Luís Reis Santos, Portugal, 1919, filme mudo inacabado, 63’

Acompanhamento ao vivo: JÚLIO RESENDE e SALVADOR SOBRAL

Este é um filme mudo de Leitão de Barros que nunca chegou a ser terminado. Tem por base o folhetim “O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho”, de Reinaldo Ferreira – mais conhecido como Repórter X -, publicado na edição vespertina do jornal O Século entre 1917 e 1918.
A história de mistério e crime era um estilo muito popular na época – não fosse ter ficado inacabado, este filme seria único no género em Portugal. Foram problemas financeiros que levaram à falência da produtora e ao abandono das filmagens, quando já estavam completos cerca de 70% da rodagem.
A cópia do filme que agora se exibe resulta de um trabalho de restauro, também ele criativo, por parte da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, com a ajuda do texto original de Reinaldo Ferreira.
Nesta montagem, para completar as lacunas do filme, foram colocados cartões que explicam a ação em falta.
O acompanhamento ao piano de Júlio Resende (natural de Olhão), e a voz de Salvador Sobral farão desta sessão uma oportunidade ímpar de ver um filme guardado, e muito pouco exibido, como numa experiência de cinema vivo.

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Nesta 3ª edição do VIDEO LUCEM, propomos uma experiência CineCultural & Food Tour. Um roteiro histórico-cinematográfico que inclui jantar.
Um programa de Eating Algarve Food Tours

A realizar em todos os espetáculos do VIDEO LUCEM
Cada roteiro articula a memória do cinema com a história, o património cultural e a gastronomia das seis localidades em que decorrem as sessões cine-concerto desta iniciativa.
Uma experiência guiada, na qual, para além da gastronomia, dos monumentos emblemáticos, e das salas de cinema das localidades, serão destacados episódios e curiosidades históricas que estejam mais diretamente relacionados com a temática dos filmes em exibição. Procuramos estimular a imaginação e abrir o apetite dos visitantes para um jantar em grupo, seguido das respetivas sessões de cine-concertos.

Ficha técnica:
Produção e realização: Eating Algarve Food Tours
Conteúdos históricos: Jorge Carrega
Duração 3 horas
Inclui: guia local, roteiro histórico-cultural, jantar regional, bilhete cine-concerto em lugares reservados, conversa com os músicos depois da sessão.
Valor: 49€

Condições: um mínimo de reserva de 6 pessoas para a realização do Tour em EN, e em PT. Máximo de 12 pessoas por Tour.



19 Janeiro – 21h30 – ESTOI (Faro)
Palácio de Estoi


SOMETHING’S GOT TO GIVE de George Cukor, EUA, 1962, filme inacabado, 37’

TRÊS DIAS SEM DEUS de Bárbara Virgínia, Portugal, 1945, filme parcialmente perdido, 22’

O FADO de Maurice Mauriaud, Portugal, 1924, filme mudo, 21’

Acompanhamento ao vivo: FILIPE RAPOSO, RITA MARIA e RICARDO RIBEIRO

Esta sessão de cinema-espetáculo girará em torno do tema da fatalidade.
Something’s Got to Give foi o último filme com Marylin Monroe, que morreu durante as filmagens. A película ficou com apenas 37 minutos e no ano seguinte a produtora decidiu refazer o projeto, com atores diferentes e dando-lhe até outro título (My Favorite Wife).
Três Dias sem Deus foi a primeira longa-metragem realizada por uma portuguesa, Bárbara Virgínia e viria a ser selecionada para a 1ª edição do Festival de Cannes. Perdeu-se grande parte do material deste filme: restam 22 minutos da banda de imagem, sem som.
O Fado é uma curta-metragem realizada em Portugal por um realizador francês. Esse facto era só por si polémico, na altura, já que não se via com bons olhos um estrangeiro filmar a aura da canção nacional.
Mulheres perdidas, paixões desencontradas e ambientes góticos são as imagens de partida para o encontro musical entre a musica clássica, o jazz e o fado, através de três artistas que dispensam apresentações: Filipe Raposo, Rita Maria e Ricardo Ribeiro.

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23 Fevereiro – 21h30 – S. BRÁS DE ALPORTEL
Cineteatro



L’ENFER de Henri George-Clouzot, França, 1964, filme inacabado, 15’

Acompanhamento ao vivo por músicos de S. Brás de Alportel

CHARLOTIM E CLARINHA de Roberto Nobre, Portugal, 1925, filme mudo, 16’

Acompanhamento ao vivo por FRANCISCA CORTESÃO e SÉRGIO NASCIMENTO

IT’S ALL TRUE de Orson Welles, EUA, 1943, filme inacabado, 40’

Acompanhamento ao vivo por BRUNO PERNADAS

Estes três filmes representam a vontade da criação e as dificuldades ao redor dessa criação.
L’Enfer nunca foi acabado devido a problemas de saúde do realizador. É protagonizado por Romy Schneider, no papel de uma mulher jovem, e por Serge Reggiani como o seu marido patologicamente ciumento. Antes do início das filmagens, foram feitos testes para experimentar novas soluções de filmagens e aquilo que poderia ter sido uma obra prima da história do cinema ficou reduzido a uma imensidão de bobines de inovações cinematográficas.
Charlotim e Clarinha foi o único filme realizado por Roberto Nobre, natural de S. Brás de Alportel. Foi também este homem multifacetado que criou a primeira produtora de cinema do Algarve – a Gharb Film – que existiu somente para esta produção. O filme, um pouco surreal, é também uma aproximação ao Charlot de Charles Chaplin, rei dos écrans de cinema da época.
It´s All True é um filme inacabado de Orson Welles que apresenta três narrativas distintas, filmadas na América do Sul. O espetáculo centrar-se-á sobre uma delas – “Quatro Homens Numa Jangada” – que retrata uma história verídica de quatro pescadores que, numa jangada, viajaram ao longo de 1600 milhas da costa brasileira, do Ceará até ao Rio de Janeiro, para pedir ajuda para a sua gente. Para o filme, Orson Welles chamou os quatro homens, entretanto transformados em heróis, para representarem respetivos os papeis no contar da história em que foram protagonistas. Um acidente durante as filmagens levou à morte do líder desta ação, o que, associado a problemas financeiros dos estúdios, fez com que o projeto fosse anulado e se tornasse para sempre um filme-fantasma que assombrou Orson Welles.


15 Março – 21h30 – PORTIMÃO
Auditório Museu Municipal


HERÓIS DO MAR de Fernando Garcia, Portugal, 1949, filme com o som perdido, 118’
Sonoplastia ao vivo a partir do guião original do filme. 

Direção e criação de FLÁVIA GUSMÃO

Nesta sessão, exibiremos um tesouro do cinema português quase nunca exibido, porque o som do filme está dado como perdido. Retrata a vida e o trabalho dos pescadores de bacalhau que partiam para terras distantes. Um navio bacalhoeiro leva para o alto mar um dos mais adorados atores portugueses – António Silva; o filme mostra também o primeiro papel de cinema da atriz Isabel de Castro, aqui com um duplo papel, em que também faz uma personagem masculina.
Este momento de cinema-performance constituirá um momento de homenagem ao filme desconhecido, aos seus protagonistas e a todos aqueles que viveram a vida árdua da pesca do bacalhau. O espetáculo será uma construção com coletivos de Portimão.

com apoio da CM de Portimão e do Museu de Portimão.


12 Abril – 21h30 – ALCOUTIM
Espaço Guadiana


UM GRITO NA NOITE de Carlos Porfírio, Portugal, 1948, filme com o som perdido, 70’
Sonoplastia ao vivo a partir do guião original do filme. 

Direção e criação ANA BRANDÃO e JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA

Este filme do algarvio Carlos Porfírio tem o som perdido e, por isso, é mais um dos tesouros da cinematografia portuguesa desconhecidos do público. O realizador, natural de Faro, foi também um homem multifacetado que, no seu tempo, se envolveu apaixonadamente com os meios artísticos de Paris – e, em Portugal, em particular com o movimento futurista.
A história do filme narra a vida na Serra de Alcoutim, junto à fronteira com Espanha, e a vivência daqueles que se arriscavam no contrabando.
O filme circula em redor da atriz olhanense Maria Eduarda Gonzalo e de um muito jovem ator João Perry. A partir do guião original do filme, e com o envolvimento de coletivos de Alcoutim, esta promete ser uma experiência revelação e uma oportunidade única de ver, e de participar, na reconstrução de um filme.


17 Maio– 21h30 – TAVIRA
Quartel Militar de Tavira (a confirmar)



ALGARVE de Amélia Borges Rodrigues, Portugal, 1934, filme turístico, 10’
Acompanhamento ao vivo pela Banda Militar de Évora (a confirmar)

THE RIVER de Frank Borzage, EUA, 1928, filme parcialmente perdido, 52’

Acompanhamento ao vivo por CRISTINA BRANCO

Amélia Borges Rodrigues é um nome desconhecido. Apesar disso, foi uma mulher que realizou cerca de 40 filmes turísticos sobre regiões de Portugal, os quais, na altura, circularam pelo Brasil e pelas colónias em África. A pequena que aqui se mostra revela o talento da realizadora que, talvez por ser mulher, teve pouco financiamento para continuar a sua carreira. Faz parte daqueles filmes que ficaram por fazer.
The River é um filme que esteve perdido e foi recentemente descoberto e restaurado. Apesar de não estar completo, com todas as imagens, é exibido com a informação das cenas em falta. Mesmo com essas lacunas, é uma obra esplendorosa e reveladora do grande cineasta que era Borzage. Trata-se de uma história da iniciação ao amor, entre um jovem viajante e uma mulher experiente, com uma aura de erotismo subtil e elegantes interpretações de Charles Farrell e Mary Duncan.



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2017-2018

A partir de novembro, há cinema nas igrejas do Algarve: o VIDEO LUCEM (Vejo Luz) regressa ao sul do país com sete cine-concertos, de entrada livre, em seis igrejas do litoral e serra algarvios e um cine-concerto ao ar livre.

A iniciativa do Cineclube de Faro integra o programa 365 Algarve para valorização da cultura na região durante os meses de época baixa e pretende, nesta segunda edição, homenagear as origens do Cinema, através da projeção de filmes mudos acompanhados por música ao vivo, desafios feitos a vários músicos.

Com o objetivo maior de proporcionar uma experiência sensorial irrepetível a turistas e locais, o Cineclube de Faro quer também contribuir para abrir ao público as portas, tantas vezes fechadas, do património histórico e religioso do Algarve. Este evento é uma parceria com a Pastoral da Cultura e a Pastoral do Turismo do Algarve.


PROGRAMA COMPLETO








9 de Novembro, Igreja de S. Francisco, Faro, 21h30

Entrada Livre



O IMIGRANTE e RUA DA PAZ de Charles Chaplin (EUA, 1917)

Musicado por MARIA JOÃO, JOÃO FARINHA e ZÉ EDUARDO



Duas das mais célebres - se não mesmo as mais célebres - curtas-metragens de Chaplin, O Imigrante e Rua da Paz (Easy Street) constituem um díptico maravilhoso da arte, do génio, do temperamento e dos valores desse grande autor. Tributo à América como "terra das oportunidades" para centenas de milhar de imigrantes no início do século, e quantas vezes para além disso, O Imigrante consegue ser um drama e uma comédia, uma reflexão e uma crítica, sobre aqueles que, nada tendo, vão de barco mar afora lutando por um futuro. Que o vagabundo Charlot lá tenha chegado e por momentos envergado o papel de polícia, dá origem a muitos gags em A Rua da Paz, o vilão Bully castigado amplamente por um cassetête com consciência social.

Hoje teremos o privilégio de assistir a uma criação única, original e irrepetível de acompanhamento musical improvisado pela extraordinária Maria João com João Farinha e a participação especial de Zé Eduardo.

Maria João, a mais genial cantora de jazz portuguesa e uma das mais extraordinárias do mundo, iniciou a sua discografia em 1983 embora tenha sido no trabalho com Aki Takase que deu largas aos criativos scats que são a sua imagem de marca musical. Regressada a Portugal inicia a sua intensa colaboração com Mário Laginha. Em 2009 abraça a música electrónica com o grupo Ogre, do qual faz parte o pianista João Farinha, com quem se apresenta hoje, juntamente com o consagrado contrabaixista Zé Eduardo.



7 de Dezembro, Igreja de S. Clemente, Loulé, 21h30

Entrada Livre


A MÃE de V. Pudovkin (URSS, 1926)

Musicado por CÚSTODIO CASTELO e convidados



A Mãe é invariavelmente colocado com um dos mais importantes filmes de todos os tempos, e não só da época do cinema mudo. Adaptação da obra literária homónima de Máximo Gorki, conta a história das lutas operárias pela melhoria das suas condições de vida, contra patrões desumanos e cruéis, e de uma mãe-coragem que parte da protecção angustiada do seu filho até se tornar a heroína de todos os combatentes. Pudovkin foi, a par de Eisenstein, o mais importante teórico da montagem cinematográfica naqueles anos em que o cinema dava os seus primeiros passos, e este seu filme é exemplo desse mesmo génio. Com interpretações poderosas, entre as quais ressalta a da inesquecível figura de Vera Baranovskaya no papel de mãe, contará com a criação ao vivo do genial guitarrista português Custódio Castelo, acompanhado por convidados seus, o que irá constituir um espectáculo de fabulosa originalidade.

Desde muito cedo que Custódio Castelo foi considerado um prodígio pela audaciosa abordagem da guitarra portuguesa. O seu talento foi reconhecido pelos mais exigentes fadistas, como D. Vicente da Câmara, Carlos do Carmo, Camané, Mariza ou Cristina Branco. A sua versatilidade levou-o a optar pela fusão da guitarra portuguesa com outras sonoridades e intérpretes, como Richard Galliano, Daniele di Bonaventura ou Olga Pratz. Para este concerto desafiou os algarvios Fad’NU e o contrabaixista Carlos Menezes.



13 de Janeiro, Igreja Matriz de Martim Longo, Alcoutim, 21h30

Entrada Livre


OS LOBOS de Rino Lupo (PT, 1923)

Musicado por NICHOLAS MCNAIR


Rino Lupo foi um dos mais interessantes realizadores estrangeiros ativos em Portugal na década de 1920 e que teve um lugar fundador na história do cinema mudo português. Os Lobos é um drama em ambiente rural rodado quase totalmente em exteriores, o que era extraordinário à época, e combinando atores profissionais e amadores, uma outra novidade também. Segundo João Bénard da Costa, Os Lobos constitui “uma obra ‘flamejante’, como se diz do gótico final, situada entre o hiper-realismo e o surrealismo, no vértice de uma estética do insólito que raras vezes, no nosso imaginário, terá tido tanta força e tanta singularidade.”

O filme tem o acompanhamento ao piano pelo enorme artista especializado em música para cinema mudo Nicholas McNair, que no caso interpreta a partitura original, recuperada, de António Tomás de Lima, composta em 1925 para esta mesma obra poderosa, inesperada e marcante.

Pianista e musicólogo. Professor na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1988 e Diretor Artístico do seu Estúdio de Ópera 2011-2015. Criou música ao vivo para mais de 150 filmes mudos, na Cinemateca Portuguesa, no Festival Internacional de Cannes, e noutros locais. Gravou 8 CDs de improvisação. Colaborou como pianista e organista em numerosos concertos e gravações com o Coro e Orquestra Gulbenkian, além de muitos outros. Criou edições críticas de óperas de Gluck, Mazzoni, Leal Moreira, etc.



8 de Fevereiro, Igreja de Santiago, Tavira, 21h30

Entrada Livre



O VENTO de Victor Sjöström (EUA/SUÉCIA, 1928)

Musicado por FILIPE RAPOSO

 
Victor Sjöström é um dos mais relevantes génios do cinema mudo. Sueco, fez parte daqueles que, na Escandinávia, mudaram para sempre a forma de se fazer cinema, em particular com o uso dramático de exteriores ou, como no caso do filme O Vento, a utilização de um elemento natural como poesia da catástrofe, condutora da acção. Tendo iniciado a sua carreira em 1912, foi convidado para trabalhar nos EUA a partir de 1924, usando o nome de Victor Seastrom. Com O Vento, protagonizado por uma das maiores actrizes e divas do cinema da época, Lillian Gish, figura-se uma história de solidão, incomunicabilidade e progressiva loucura, num ambiente claustrofóbico que tanta influência vai ter em autores posteriores, como Ingmar Bergman. Será musicado ao vivo por Filipe Raposo, em órgão de tubos, perfeito instrumento para lidar com todas as subtilezas afectivas e torrentes emocionais desta obra-prima.

Filipe Raposo é pianista residente da Cinemateca Portuguesa desde 2004. Enquanto compositor, arranjador e pianista, trabalha desde 2001 com muitos dos principais nomes da música, do cinema e do fado portugueses (José Mário Branco, Sérgio Godinho, Carminho, Camané…). O objectivo de desenvolver a sua própria linguagem, onde música clássica, folk e jazz se cruzam, leva-o a procurar constantemente novos desafios como compositor e músico. Tocou na sessão inaugural da anterior edição de Video Lucem.


A abertura da sessão caberá ao músico Ricardo J. Martins, músico multi-instrumentista e autodidacta.
Além de acompanhante de fadistas partilha a sua guitarra como músico de estúdio e como solista de onde surgiu em 2014 o seu primeiro disco a solo como título homónimo "Ricardo J.Martins". Em 2017 lança o disco de originais "Cantos e Lamentos".
 

 Já partilhou palco com: Ângela Pinto, Maria do Céu Guerra, José Fanha, Irene Flunser Pimentel (Prémio Pessoa 2007), e também da música, como Marco Rodrigues, Pedro Moutinho, Diamantina, Filipa Cardoso, Isabel de Noronha, Ilda Maria, Ana Sofia Varela e Viviane. Com Viviane participou também nas sessões de gravação dos discos “Dia Novo” e “Confidências”, nos temas: “Do Chiado Até ao Cais”, “Era a Voz que Salvava” e “Fado do Beijo”. 



8 de Março, Igreja Matriz de Ferragudo, 21h30

Entrada Livre


RING UP THE CURTAIN de Harold Lloyd (EUA, 1919)

Musicado por JOÃO FRADE

 

SHERLOCK JR. de Buster Keaton (EUA, 1924)

Musicado por NOISERV




Em 2017 a incursão de Noiserv no universo cinematográfico aconteceu no festival PLAY em Lisboa, no qual musicou o filme que hoje se apresenta. Foi, pois com entusiasmo e naturalidade que o Cineclube de Faro contactou o músico para presentear o público algarvio com essa sua obra, numa renovada criação, dado o carácter excecional de ambos, filme e artista.
Buster Keaton é, a par de Charles Chaplin, o mais conhecido cómico do cinema mudo norte-americano. Protagonizando os filmes com uma cara onde nunca um sorriso despontava, vergava e continua a vergar os públicos de todas as idades com sorrisos e gargalhadas perante os geniais gags que inventou. Se este seu filme se passa num cinema, a curta-metragem que o antecede, de Harold Lloyd, é passada num teatro. É igualmente uma comédia muito divertida, que será acompanhada pelo acordeão de João Frade, música algarvio de projeção internacional.

Noiserv é um projeto musical de David Santos. Em 2008 edita o seu primeiro álbum, One Hundred Miles from Thoughtlessness, ao qual se seguem um EP e 2 outros álbuns, dos quais o último, 00:00:00:00, é definido como a banda-sonora para um filme que ainda não existe. É autor das bandas sonoras de José & Pilar, Noiserv (Sessão Dupla) e Tous les rêves du monde. João Frade, campeão mundial de acordeão, estudou na excecional escola CNIMA, em França, tendo uma carreira ímpar como solista e acompanhante.




6 de Abril, Sé de Silves, 21h30

Entrada Livre


DOURO, FAINA FLUVIAL de Manoel de Oliveira (PT, 1931)

Musicado por ANA DEUS & LUCA ARGEL

 

À PROPOS DE NICE de Jean Vigo (FR, 1930)

Musicado por VIVIANE & TÓ VIEGAS



“Sinfonia das Cidades” foi um género da década de 20 do século passado que inspirou Manoel de Oliveira a realizar a sua mítica primeira obra-prima, sobre a sua cidade natal, o Porto. Douro, Faina Fluvial teve a sua estreia em 1931 e marcou para sempre o cinema português e mundial, dada a inteligência de composição de imagem e de montagem, antigo e moderno em conflito. Um ano antes, um outro autor célebre, desta vez francês, Jean Vigo, fizera o seu pequeno mordaz documentário sobre Nice (À Propos de Nice), peça satírica sobre usos e costumes da burguesia daquela altura. As cantoras Ana Deus e Viviane, juntamente com os seus convidados, celebrarão na data do 62º aniversário do Cineclube de Faro estes filmes e o seu espírito.

Ana Deus, cantora e música, fez parte do emblemático grupo Três Tristes Tigres. Em 2011 cria, com Alexandre Soares, Osso Vaidoso, de música experimental e improvisada. Convidou Luca Argel, artista brasileiro com basta experiência na criação de bandas sonoras. Viviane nasceu em Nice. Dona de uma das vozes mais carismáticas da música portuguesa, iniciou a sua carreira musical em 1990 quando formou com Tó Viegas o grupo Entre Aspas, extinto em 2005, começando aí a sua brilhante carreira a solo.




30 de Maio, farol de Vila Real de Stº António, 21h30

Entrada Livre 


OS FAROLEIROS de Maurice Mariaud (PT, 1922)

musicado por DEAD COMBO


abertura musicada pelas AS MOÇOILAS




No encerramento desta 2ª edição de Video Lucem saímos das Igrejas ao encontro de um farol majestático, cuidando e dirigindo embarcações de dois países e todos os que cruzem os mares de Vila Real de Santo António desde 1923. Com a música dos Dead Combo criada ao vivo para acompanhar a projecção, iremos assistir ao filme de Maurice Mariaud Os Faroleiros (ou, mais propriamente, O Faroleiro da Torre de Bugio), um dos mais importantes realizados no nosso país na época do mudo e que era considerado desaparecido até ter sido descoberta uma sua cópia nos anos 90. Neste filme de 1922, um «drama-documentário» de que o realizador também foi argumentista e intérprete, Mariaud aborda uma história de um triângulo amoroso numa comunidade de pescadores, cujo conflito culmina num farol isolado do litoral. Filme a um tempo romântico e nostálgico, será uma despedida condigna, pela qualidade do filme e dos músicos, da participação do CCF no 365 Algarve.

Os Dead Combo são Tó Trips e Pedro Gonçalves. A dupla nasceu em 2003 na sequência de um convite para comporem Paredes Ambience, canção incluída no disco de homenagem a Carlos Paredes. Os álbuns da banda editados até ao momento têm sido largamente elogiados em Portugal e no estrangeiro, recebendo vários prémios para “Álbum do Ano”, desde Lusitânia Playboys (2008), A Bunch of Meninos (2014) ou Cordas de Má Fama (2016).
Em 2017 os DEAD COMBO continuam a trajectória extraordinária que têm vindo a desenhar, com a consolidação da sua carreira internacional e a sua afirmação como uma das mais interessantes e importantes bandas do novo panorama musical português.
Em Vila Real de Santo António apresentarão músicas do álbum recentemente - Odeon Hotel, vem como criações originais para o Video Lucem. A acompanhar Tó Trips e Pedro Gonçalves estarão Alexandre Frazão - bateria e voz, Gui - sopros, mellotron e voz e António Quintino - contrabaixo, guitarras e mellotron.

A abertura da sessão caberá às Moçoilas, que renascem da necessidade de divulgar e afirmar o canto do Algarve, repegando muitos dos antigos temas e enriquecendo-os com a sua energia própria, modificando uns, apropriando-se de outros e preparando caminho para novas canções. Trazendo a alma da Serra (e da terra) e de muitos outros temas inspirados aí, nos seus tons, nos seus sons e cheiros, estas três mulheres soltam esse canto com harmonias doces, duras e simples. A responsabilidade de assegurar este espaço musical e cultural é agora de Margarida Guerreiro (que traz o testemunho desde o início desta história, há 22 anos), Inês Rosa e Teresa da Silva.


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