O SAL DA TERRA | 2 JULHO | MUSEU MUNICIPAL | 21H30


O SAL DA TERRA
Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, França/Brasil/Itália, 2014, 110', M/12

FICHA TÉCNICA
Escrito e Realizado por Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders, David Rosier 
Música Original: Laurent Petitgand
Fotografia: Hugo Barbier,Juliano Ribeiro Salgado
Montagem: Maxine Goedicke, Rob Myers
Origem:
França/Brasil/Itália
Ano: 2014

Duração: 110'

FESTIVAIS
Festival de Cannes - Un Certain Regard - Menção Especial do Júri
Oscar - Nomeação - Melhor Documentário 




CRÍTICA
Quando no ecrã irrompem as monumentais fotografias de Sebastião Salgado, colhidas nas minas de ouro da Serra Pelada, no Brasil, há uma espécie de assombro que nos atravessa, como se estivéssemos a ver a construção das pirâmides multiplicada por dez, ao mesmo tempo que reconhecemos utensílios, coisas que testemunham que o que se mostra convive com a nossa contemporaneidade, acontece num presente que nem sonhávamos. E, de repente, a ficção desmedida convive com a documentalidade básica, as fotografias começam a contar histórias sem fim, ao mesmo tempo que mostram uma fatia sem ornamentos da realidade. E quando o próprio Salgado nos fala dessa realidade sentimos que estamos a ver um abismo humano. É assim ao longo de todo o filme que faz o percurso biográfico do fotógrafo e nos faz visitar alguns dos melhores momentos daquele que é, porventura, o maior dos fotojornalistas do nosso tempo. 

E que espantosa vida o filme nos revela, de um homem que estudou Economia, se expatriou do Brasil da ditadura, antes de descobrir, por acaso, uma vocação de fotógrafo. Iniciou, então, um caminho que o levou a documentar grande parte do sofrimento humano no último meio século. E, no fim, ainda teve ânimo para replantar a selva na sua devastada Minas Gerais. Wenders e Juliano Salgado (filho de Sebastião) congregam material filmado agora e antes, interrogam Salgado e, sobretudo, mostram as fotos que, pela dimensão do ecrã de cinema, ganham ainda maior pujança. E como é bom ver um filme que tem a capacidade de ser íntimo, ao mesmo tempo que nos faz crescer no peito o pathos da tragédia. 
Jorge Leitão Ramos, Expresso, 11/4/15

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