BOM ANO NOVO NO CINECLUBE DE FARO! Janeiro e Fevereiro em cheio!

(esteja atento... como sabe, uns dias antes de cada filme... um post de jeito sobre ele!)

IPJ – 21H30

POR DETRÁS DO AMOR


JANEIRO

DIA 3
LA PIVELLINA


Tizza Covi e Rainer Frimmel

Itália/Áustria, 2009, 100’, M/6

La pivelina traz uma das mais jovens revelações da história do cinema, Asia Crippa. Com apenas dois anos a menina domina o ecrã e as outras personagens, por mais que pintem o cabelo ou o nariz de vermelho. Embora sem os mesmos ingredientes, nem a mesma estética, La Pivellina faz jus à riquíssima tradição neorrealista italiana e é mais um exemplo, depois do fenomenal Eu sou o Amor, de um novo cinema italiano que quer voltar a ser grande.
Manuel Halpern

DIAS 10 e 11 (em 2 partes dada a sua duração)
MISTÉRIOS DE LISBOA

Raoul Ruiz

Portugal/ França/Brasil, 2010, 272’

A identidade, a transfiguração, a natureza humana, num universo romântico em que todos os amores são intensos, sofridos e incontroláveis... Mas não é um filme que se exiba por uma grande mensagem, moral ou lição de vida. É antes um hino à intriga romanesca, numa hábil arquitetura, que nos deixa maravilhados pelo prazer lúdico que Camilo tem em contar uma história. Ou contar várias histórias como se fosse uma só e contar uma como se fossem muitas.
Manuel Halpern


DIA 17
LOLA

Brillante Mendonza

França/ Filipinas, 2009, 110’, M/16

em complemento A HISTORY OF MUTUAL RESPECT
Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt

Portugal, 2010, 23’, M/16

No cinema de Brillante Mendoza [finalmente no CCF] tudo parece o que é, mas nem tudo é o que parece. Lola, como em outros filmes do realizador, conta uma história simples de maneira linear, mas no interior desta narrativa encontra-se um outro enredo: a revelação e a denúncia da realidade filipina. Em complemento, A History of Mutual Respect, filme que valeu a Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt o Leopardo de Ouro no recente Festival de Cinema de Locarno. São 23 minutos visualmente muito atraentes, servidos com um argumento risível e uma representação patética das aventuras de dois rapazes em busca do amor verdadeiro na selva sul-americana.
Rui Monteiro

DIA 24
YUKI E NINA

Hippolyte Girardot e Nobuhiro Suwa

França/Japão, 2009, 92’, M/12

Um filme adulto para crianças, ou um filme sobre crianças para adultos: o segredo de "Yuki e Nina" está no tom, na delicadeza das suas modulações, na maneira como desliza entre crianças e adultos sem trair nem uns nem outros. Os realizadores trabalham aqui o cinema como uma arte que se faz de discrição e de um entendimento tácito entre a câmara e os actores.
Luís Miguel Oliveira


Dia 31
O REI DA EVASÃO

Alain Guiraudie

França, 2009, 93’, M/12

É um filme raro, pela extrema ternura que revela por personagens de pequena dimensão, por um trabalho miniatural de atenção ao pormenor, por uma espécie de secreto pudor com que trata questões complexas de secretas sexualidades: na crise da mudança de idade um homossexual vulgar e desinteressante deixa-se seduzir por uma jovem adolescente e revela facetas até aí ignoradas. Pungente e irónico, o filme de Guiraudie possui um cariz poético que perturba e revela uma espantosa capacidade para dirigir actores.
Mário Jorge Torres


FEVEREIRO

DIA 7
O VERÃO DA BOYITA

Julia Solomonoff

Argentina/ Espanha/ França, 2009, 93’, M/12

Uma história intimista numa Argentina cheia de imensidão. Duas crianças em crise de crescimento, sem sordidez nenhuma, nem sentimentalismos piegas. Apenas confusão, nostalgia e a delicadeza das pequenas descobertas e dos grandes desacertos. O filme ganhou recentemente o prémio do Festival Queer Lisboa, mas a temática tem muito mais a ver com o crescimento e com a adolescência do que propriamente com questões de identidade sexual. Questões humanas, em suma.
Ana Margarida de Carvalho


DIA 14
CÓPIA CERTIFICADA


Abbas Kiarostami

França/Itália/Irão, 2010, 106’, M/12

Kiarostami insiste sempre em descrever os seus filmes como aventuras existenciais que ele encena mas cujos enigmas, ao mesmo tempo, lhe podem escapar. Confessa mesmo que gosta de reencontrar os seus filmes muitos anos depois para os poder olhar com o mesmo "olhar virgem" do espectador. «Copie Conforme» é, por certo, um objecto fascinante para voltarmos a exercer esse olhar.
João Lopes


DIA 21
36 VISTAS DO MONTE SAINT-LOUP

Jacques Rivette

França, 2009, 84’, M/12

Puro génio: Jacques Rivette conta a história nostálgica de um velho circo ambulante que vai sobrevivendo no nosso presente, celebrando um misto de verdade e ilusão que tempera as relações humanas. Rivette recupera o tema obsessivo da teatralidade, mostrando como o fulgor criativo pode ser cúmplice da mais depurada austeridade. Com dois actores em estado de graça: Jane Birkin e Sergio Castellito.
João Lopes



DIA 28
TAMARA DREWE


Stephen Frears

Reino Unido, 2010, 111’, M/12

Uma novela gráfica de Posy Simmonds (publicada em 2005/2006 no The Guardian) serve de ponto de partida a um retrato irónico de uma residência rural para escritores que procura um ambiente paradisíaco. Em boa verdade, o paraíso está habitado pelos fantasmas da natureza humana e Stephen Frears consegue um espantoso filme em que o realismo do olhar se cruza com o mais descarnado desencanto moral.
João Lopes



ALLGARVE – Museu Municipal de Faro

OLHARES FORASTEIROS - O Algarve num certo cinema

11 Janeiro

As Ruínas do Interior, José de Sá Caetano, Portugal, 1977, 110'

Em 1943, próximo de uma aldeia de pescadores, Françoise, belga refugiada e dois filhos, habitam uma casa onde vão passar férias, na Páscoa, as crianças da família proprietária.
A serenidade, algo ritual, desse quotidiano, é perturbada por um episódio de guerra que termina junto ao mar. Dois sobreviventes são protegidos pelas crianças que, entre si, estabelecem um pacto de silêncio. Depois, lentamente, monta-se uma discreta máquina policial.

(filme igualmente em exibição entre 12 e 30 Janeiro em sistema de sessões contínuas entre as 10 e as 16h, mesmo local, entrada livre)


8 Fevereiro - CONCLUSÃO DO CICLO

Zéfiro, José Álvaro Morais, Portugal, 1993, 52'

Zéfiro é um filme-viagem, um fresco sobre Portugal Meridional. Deixa-se Lisboa de barco até à margem sul do Tejo. Depois atravessa-se grande parte das planícies alentejanas para regressar finalmente ao ponto de partida - Lisboa. Neste filme, o Sul de Portugal é tratado de uma maneira metafórica, como um lugar em que diferentes culturas se cruzam formando uma identidade muito própria.

(filme igualmente em exibição entre 9 e 27 Fevereiro em sistema de sessões contínuas entre as 10 e as 16h, mesmo local, entrada livre)

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