3 filmes de 5 jovens documentaristas - a qualidade continua! Teatro Lethes, 5ªf, 21h30.

Entradas - 1€ sócios, 3,5€ não-sócios, passe para os 4 dias 12€

Bilhetes à venda no Teatro das Figuras e no Teatro Lethes no dia da sessão a partir das 20h.

CORDÃO VERDE, Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres, 33’
RETRATO DE INVERNO DE UMA PAISAGEM ARDIDA, Inês Sapeta Dias, 40’
A CASA QUE EU QUERO, Joana Frazão e Raquel Marques, 65’


CORDÃO VERDE
presença dos realizadores!
(com o apoio da Direcção da Cultura do Algarve)

O cordão contínuo de relevos suaves mas acidentados, desde o litoral ocidental português, até ao Guadiana, entre as serras de Odemira, Monchique e Caldeirão, é o lugar de encontro e equilíbrio entre o homem e uma paisagem cultural.
Neste território tão rico em beleza natural e recursos raros, o modo de vida tradicional das comunidades está em harmonia com os valores ambientais e com a biodiversidade.
Este filme é um poema em imagens e sons em torno do Homem e da Natureza
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“Cordão Verde” foi seleccionado em:
Locarno International Film Festival, 5 - 15 de Agosto, 2009, na secção “Ici et Ailleurs”.
Toronto International Film Festival, 10 - 19 de Setembro, 2009, no programa Wavelengths.
Vienna International Film Festival, 22 de Outubro - 4 de Novembro, 2009
BAFICI - Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independente, Abril, 7 - 18, 2010


Título Original: Cordão Verde
Realização, Fotografia, Som, Montagem: Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres
Produção: Rossana Torres
Ano de Produção: 2009
País: Portugal
Formato original: Mini DV
Formato de exibição: Betacam Digital
Aspect ratio: 4/3
Som: Stereo
Linguagem: Portuguesa
Subtítulos: Inglês, Francês
Duração: 33’


RETRATO DE INVERNO DE UMA PAISAGEM ARDIDA

Fixar o presente de uma paisagem destruída pelo fogo. Procurar o que ficou (as cores, as texturas, os silêncios) nos escombros e restos. Vontade de olhar de frente o corpo morto da árvore que ardeu, e perceber o seu lugar na terra onde ainda resta. Observação da passagem do tempo sobre a árvore queimada, e percepção da sua imobilidade.


O filme de estreia de Inês Sapeta Dias é, como o seu título explicita, o retrato de uma paisagem em estação invernosa e foi filmado em 16mm em terrenos ardidos nos concelhos portugueses de Abrantes, Sardoal, Mação, Oleiros, Pampilhosa da Serra e Proença a Nova. Com uma banda sonora exclusivamente ambiente e musical, e imagens muitas vezes varridas pela chuva, "Retrato de Inverno de Uma Paisagem Ardida" reflecte uma "observação da passagem do tempo sobre a árvore queimada, e percepção da sua imobilidade".
Cinemateca Portuguesa

O título do filme remete-nos para a pintura, mas de uma forma inabitual – não é costume esta proximidade entre as palavras “retrato” e “paisagem. Enquanto um retrato mostra algo que está perto e se destaca do resto, a paisagem é um olhar prolongado no espaço distante, quase distraído. E no entanto é essa simultaneidade de planos que o filme de Inês Sapeta Dias nos oferece: uma sucessão de árvores carbonizadas, terra escura, cinzas, folhas, montes, um pedaço de céu, uma estrada, um riacho, nuvens, ramos, raízes, pedras, a neblina avançando, algumas ervas verdes – o retorno à intimidade de uma paisagem longínqua esquecida. Abrantes, Sardoal, Mação, Oleiros (Mougeiras-de-Baixo, Estreito, Isna, Madeirã), Pampilhosa-da-Serra, Proença-a-Nova. É Inverno, a chuva inicia o processo inverso ao fogo, o ciclo primordial e eterno, indiferente a tudo. Não se vêem animais, apenas uma ou duas casas escondidas por trás da vegetação, um homem que derruba árvores com uma serra eléctrica e, quase no fim, algumas turbinas eólicas. Terrenos que arderam há um mês, cinco meses, um ano, dois anos, cinco anos.
Os troncos queimados e os ramos retorcidos parecem esculturas de ferro que resistiram à destruição. Depois, lentamente, à tristeza do incêndio sobrepõe-se outra coisa mais difícil de definir: a sensação de uma presença imanente. E essa é, creio, a grandeza de retrato de inverno de uma paisagem ardida; o filme capta, como vai sendo cada vez mais raro no cinema, o estado hipnótico que se descobre quando paramos durante muito tempo, a olhar, apenas a olhar o movimento constante da natureza, a força e a delicadeza do vento e da chuva nas árvores. E também a suspeita de um mistério maior do que nós, o encontro assombroso dos extremos. Dir-se-ia que estamos no princípio do mundo e que todas as coisas da natureza seguem um caminho preciso e vibrante: a união dos elementos, a germinação. O filme transforma-se então em documento precioso e sensível – é assim a respiração da terra.


Realização Argumento e Fotografia : Inês Sapeta Dias
Montagem: Luísa Homem
Música: David Maranha
Som: David Maranha
Produção: Patrícia Pimentel, Raiva
Origem: Portugal
Ano: 2008
Duração: 40’


A CASA QUE EU QUERO

É Verão, mês de Agosto em Vascões, no Norte de Portugal. Muitas das casas de emigrantes, vazias durante o resto do ano, voltam a estar habitadas. Visitamos seis delas, guiadas pelas histórias daqueles que as construíram.
Um filme que entra, tal como todos nós, com um olhar curioso, pela casa dos outros adentro, pedindo aos seus proprietários que lhes apresentem as suas casas. A partir deste dispositivo claro vamos conhecendo histórias da emigração portuguesa, histórias de vontades, sucessos ou sonhos desfeitos.



ENCONTRO IMEDIÁTICO COM JOANA FRAZÃO
A ideia nasceu numa viagem pelo País, com a amiga Raquel Marques, também ela licenciada em Cinema pela Universidade Nova. Pela janela desfilavam rotundas e casas de emigrantes, enormes, muitas vezes insólitas, desafiadoras dos planos urbanísticos e das convenções regionais. E resolveram realizar um documentário, mesmo assim, on the road, em que cada casa avistada determinasse uma paragem. E fazer aquilo que, no fundo, todos os viajantes gostariam e nunca tiveram coragem: bater à porta e espreitar lá para dentro. Por falta de apoios e facilidades logísticas, Joana e Raquel circunscreveram o documentário a Covões, aldeia "que nem café tem, foi fechado pela ASAE", em Paredes de Coura. Assim nasceu o documentário A Casa Que Eu Quero (antestreado na Cinemateca), e que mostra o lado de lá destas paredes de berma de estrada. As realizadoras partiram para este projecto com alguns estereótipos. Assim que transpunham as portas das maisons, muitos deles anularam-se. Não é, afirma Raquel, também tradutora nos Artistas Unidos, um documentário voyeurista. "As pessoas abriam-nos as portas e sentiam orgulho em mostrar-nos as casas, mas foi um filme motivado pela curiosidade, isso sim. Digamos que se tratou de espreitar de uma forma delicada." Estas casas já não têm azulejos nem se parecem com chalets suíços, estão muito mais padronizadas, mas também têm algo de exibicionismo: as pessoas querem mostrar que lhes correu bem a vida lá fora, por isso há tantas varandas, jardins e sobredimensão. Lá dentro, as cineastas descobriram uma espécie de mundo alternativo, são casas normalmente fechadas o ano inteiro, só ocupadas durante o Verão, quando os emigrantes chegam de férias. Há uma sensação estranha, de vácuo, de despertença. Mas, no fundo, também exprimem uma grande necessidade de "um sítio onde possam voltar". Nas paredes das casas, as marcas de raízes já desapegadas, vidas de muito trabalho, um velho vestido de noiva, a sensação de se ser estrangeiro em duas terras. Enfim, diz Joana, o documentário não pretende ser um tratado sociológico, é apenas um filme honesto, que tem as marcas dos poucos meios com que foi feito. O objectivo de Joana e Raquel é continuarem a realizar documentários. O próximo já está a ser pensado. Será sobre casamentos, o dia da boda. No fundo, um desdobramento do tema das casas de emigrantes. Algo em que muito se investe e que também serve para mostrar.
In Visão

As estórias da emigração, com testemunhos recolhidos em seis 'maisons' da pequena aldeia de Vascões, em Paredes de Coura, fazem o enredo do filme 'A casa que eu quero', cuja antestreia decorre hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
'O filme é o resultado das visitas que fizemos a seis casas de emigrantes dessa aldeia, guiadas pelos próprios proprietários. À medida que nos iam mostrando cada compartimento, iam desfiando memórias do tempo passado no estrangeiro', explicou à Lusa, uma das realizadoras.
Joana Frazão, que assina a realização conjuntamente com Raquel Marques, acrescentou que aquelas casas 'são teto de muitas estórias', ligadas à emigração, como, por exemplo, a do marido que foi 'a salto' para França.
Com 65 minutos de duração, o documentário mostra a casa fechada onde se pode brincar, as janelas que se abrem, a casa de pedra, um vestido de noiva, as plantas de que ninguém cuida durante meses, cabras, porcos e cavalos, os dias de chuva ou a piscina sem ser usada.
Fala ainda da casa na árvore por construir, dos frontões redondos que não deixaram fazer, dos colchões de pé para proteger da humidade, da casa construída há 30 e tal anos e da que ainda não está acabada.
'Os proprietários abrem-nos as portas da sua casa e, ao mesmo tempo, abrem-nos também o seu livro de memórias', refere Joana Frazão.
As realizadoras do documentário frisam que não se trata propriamente de um estudo do habitat introduzido por emigrantes numa aldeia do Alto Minho, mas antes, a pretexto da amostragem das casas, uma reflexão sobre o fenómeno da emigração.
'Faz todo o sentido pegar no tema da emigração pelas casas, porque, na realidade, a construção de uma habitação própria é, quase sempre, o primeiro motivo que levava e continua a levar os portugueses a ir trabalhar para o estrangeiro', referiu Joana Frazão.
In Correio do Minho

Realização: Joana Frazão, Raquel Marques
Fotografia: Joana Frazão e Raquel Marques
Som: Nuno Barbosa
Montagem: Luísa Homem
Origem: Portugal
Ano: 2009
Duração: 65’






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