Toca a acordar! (Ou, onde é que andamos?)


Louis Skorecki, entrevistado na Les Inrockuptibles, responde assim a uma pergunta que, desde logo, pede que se discuta:

- Pourquoi les films sont de moins en moins bons selon toi ?
- Les cinéastes font les films que les gens attendent d’eux. Donc si les films sont mauvais c’est que les cinéphiles sont mauvais. Ça c’est un truc que j’ai mis quarante ans à pouvoir dire sous une forme aussi simple. Je le crois profondément : les films sont mauvais si les spectateurs sont mauvais. Je me souviens d’une projection d’un film de ce type qui a fait un film un peu à la mode sur deux junkies, c’était adapté de Selby… Darren Aronofsky ! J’avais vu ça au MK2 Quai de seine. Dans la salle, il y avait cinquante couples et c’était cinquante fois le même. Comment veux-tu faire un bon film après ça ! C’est très facile de voir des films aujourd’hui. Autour de moi, il y a des gens qui ont à peu près le même salaire, qui disent ne pas acheter le câble parce que c’est cher. Mais ils vont voir des nouveautés au cinéma, mangent au restaurant, généralement des trucs dégueulasses. Ce sont ces gens qui font que les films sont mauvais. Moi je vois de moins en moins de films au cinéma, j’en vois un ou deux ou trois par an. Et je ne me force pas à ne pas en voir. Mais même chez moi, je ne regarde pas de DVD. A la télé je préfère le direct, la téléréalité, les séries aussi. Même si les séries m’intéressent aussi moins qu’avant, ça reste quand même plus vivant que le cinéma.

1 comentário:

js disse...

Ver filmes na praia, com o mar a ferver, ou cinema para peixes (surround e estereoscópico)

“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!”
Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: (...) se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo , o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.
(...) isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum Santo tomou. Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arancar, não só não fazia fruto o Santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer essa protestação; e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinara porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: “Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes!” Oh! maravilhas do Altíssimo! Oh! poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.””

Início do “Sermão de Santo António (aos peixes)” pregado pelo padre António Vieira na cidade de S. Luís do Maranhão no ano de 1654.
Editorial Nova Ática, 2005

Parece-me que o jesuíta Pasolini, como o padre António Vieira, pôs Totó a falar com bichos também, mas eram pardais (enquanto os corvos gozavam) mas, como “o grande António”, também franciscanos Totó e Ninetto....